Sabonetes de argila, tinturas para beber e enxaguante bucal sem flúor integram o catálogo da Terra Alquimista.
No Egito Antigo e na Idade Média, era comum a prática da alquimia. Os homens versados nessa mistura de ciência e magia buscavam o elixir da longa vida, um produto capaz de curar várias doenças e ainda retardar o envelhecimento. Hoje, cinco séculos depois do período medieval, esse mesmo desejo continua vivo e move pessoas como Nicole Andrea Tejeda Lobos.
Nascida em Santiago, no Chile, Nicole embarcou para a Europa aos 18 anos de idade. Tempos mais tarde, voltou ao seu país de origem e se formou em nutrição. Com o diploma nas mãos, a jovem aventureira veio morar no Brasil. Inquieta, Nicole passou três anos viajando ao lado da melhor amiga pelas terras tupiniquins. Assim, ela entrou em contato com a flora amazônica, com a sabedoria ancestral de indígenas e quilombolas e com o conhecimento nordestino sobre plantas medicinais.
Foi no Nordeste, aliás, que Nicole encontrou, simultaneamente, um lar e um terreno fértil para o desenvolvimento da Terra Alquimista, marca de cosméticos criada por ela. “O nome veio da nossa maior inspiração, que é a Terra. É ela quem faz suas próprias alquimias. Nós somos apenas canalizadores”, revela.
Apesar de ser fruto do conhecimento acumulado em várias viagens por diversos estados, a Terra Alquimista hoje está fincada na Chapada Diamantina. Com sede em Conceição dos Gatos, povoado próximo ao Vale do Capão, a pequena empresa familiar é conduzida por Nicole e por seu companheiro, Marcos.
Entre as criações alquímicas da dupla estão o sabonete afrodisíaco de argila vermelha, a tintura de canela-de-velho para curar dores nas articulações e o óleo de massagem capaz de aliviar cólicas menstruais ― tudo concebido a partir de ingredientes extraídos da natureza. “Nossas matérias-primas oleosas vem da Amazônia, de uma reserva extrativista de lá. Já as matérias-primas fitoterápicas (plantas, raízes e óleos essenciais) vêm todas daqui da Chapada. A maioria é de plantio próprio, coleta nos matos e também de comunidades e fazendas agroecológicas”, explica Nicole.
Além dos óleos e sabonetes, a empresa se dedica à produção de singulares itens de higiene bucal: o curioso enxaguante artesanal (feito com óleos essenciais de hortelã) e o pó dental clareador. Este último, aliás, é chamado por Nicole como “nosso queridinho”. O carinho especial tem um motivo: ele foi a primeira criação da Terra Alquimista.
A base para fabricar o pó dental clareador veio do conhecimento preservado pelos povos indígenas de Pernambuco, que extraem a espuma do juá para escovar os dentes e lavar os cabelos. “Nós, então, adicionamos mais alguns ingredientes com propriedades antissépticas, refrescantes e antibacterianas para garantir uma limpeza ainda melhor e facilitar a transição de quem quer deixar a pasta industrial e vir para o natural”, afirma.
Se depender do empenho do casal, muita gente vai aderir ao novo modo de vida, pois a fórmula de uma existência simples e saudável está sendo difundida cada vez mais. Hoje a Terra Alquimista tem seus produtos espalhados por cidades da Bahia e do Ceará. Além disso, estão presentes em outros países, como Chile, Alemanha e Argentina.
Os alquimistas Marcos e Nicole, como eles mesmos se definem, não transformam um simples metal em ouro nem encontraram ainda o cobiçado elixir da longa vida. Mas, com o auxílio da Chapada Diamantina, estão promovendo uma transformação muito mais nobre, valiosa e profunda: integrar o homem à natureza.
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