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“A sinhazinha e o escravo”: livro revela detalhes inéditos da “Lenda do Pai Inácio”

por ago 4, 2024Livros0 Comentários

Escrita por Mirandi Alves Pereira Oliveira, a obra resgata a infância, a adolescência e a vida adulta do personagem mais famoso da Chapada Diamantina.

Quem visita a Chapada Diamantina (ou apenas pesquisa sobre ela na internet) logo se depara com um nome forte e recorrente ― Pai Inácio. Na região, essas duas palavras batizam filmes, pratos, bebidas, pousadas, postos de gasolina e, especialmente, um morro localizado no Km 231 da BR 242. Mas, independentemente de onde o nome apareça estampado, ele sempre vai remeter à mesma origem: a antiga lenda sobre um escravo chamado Inácio.

Conforme contam guias, nativos e pesquisadores, o negro se apaixonou pela filha de um fazendeiro e, para fugir da ira do sogro, atira-se do topo do morro usando um guarda-chuva. Assim, ele consegue sobreviver e se livrar dos castigos. Durante muitas décadas, a história de Pai Inácio se resumiu a esses acontecimentos.

Agora, porém, os fãs da lenda poderão se deleitar em uma narrativa muito mais extensa e emocionante. Em “A sinhazinha e o escravo”, Mirandi Alves Pereira Oliveira refaz, detalhadamente, os passos do conhecido personagem — do seu nascimento ao seu salto glorioso. A escritora parte do enredo tradicional, mas cria uma trama recheada de revelações e reviravoltas surpreendentes.

Apesar de recontar a versão clássica da “Lenda do Pai Inácio”, o romance de Mirandi Alves Pereira Oliveira vai além: ele insere elementos novos à trama. Já no início da história, há uma rica e inédita descrição da noite em que o escravo nasceu. Foto: Empório Chapada Diamantina.

Nas páginas do romance, você vai descobrir, por exemplo, quem eram os pais de Inácio, quem foram seus melhores amigos e como aconteceu o encontro dele com a sinhazinha pela primeira vez. Ao longo da história, você ainda vai conhecer figuras como o sábio Pai Zoló, o leal Akim, a bela Edith, a doce Mãe Diva e o altivo barão, que se torna rival do protagonista.

Ao longo dos 17 capítulos da narrativa, é revelado também que Inácio tinha um irmão, que ele ganhou um amuleto e que foi separado do pai ainda jovem. Em vários trechos, você vai acompanhar cenas de amor emolduradas por rios, pedras e cachoeiras. Outras sequências, entretanto, reproduzem diálogos dolorosos, apresentam situações de agressão extrema e relembram os horrores da vida na senzala.

Ambientada no tempo da escravidão, mas sem especificar datas, a obra substitui o português nos moldes dos séculos 18 e 19 por uma escrita mais atual. “Achei que não seria uma linguagem favorável para um livro lançado em 2022, pensando no deleite dos leitores. Segundo os feedbacks, parece que está funcionando”, afirma Mirandi, que é graduada em Letras.

Para recriar cenários e costumes da época da escravatura, a autora se inspirou livremente em muitas fontes de pesquisa. Ela se lembrou das aulas de História que tivera no ensino fundamental; rememorou telenovelas que abordaram o tema, como “Sinhá Moça”, “Força de um Desejo” e “A Escrava Isaura”; e buscou na internet artigos sobre “escravo reprodutor”, por exemplo.

A ideia de “A sinhazinha e o escravo” surgiu há cerca de três anos, quando Mirandi começou a sentir falta de mais informações sobre a famosa história transcorrida na Chapada Diamantina. “Então me perguntei: por que ninguém nunca soube dos detalhes? Como foi o envolvimento do negro com a filha do barão? Como eles se conheceram?”, escreve Mirandi logo no começo do livro.

Com essas indagações em mente, a autora elaborou a trama e ficou à espera de concursos literários e editais de cultura para poder lançá-la. Em 2022, com o fim da pandemia de covid-19, as feiras literárias da Chapada voltaram a ser realizadas, e Mirandi tirou os originais da gaveta. Submetido à avaliação de algumas editoras, o livro foi aceito e publicado pela Mondrongo, de Itabuna, na Bahia.

Lançado em agosto de 2022, durante a quinta edição da Feira Literária de Mucugê (Fligê), “A sinhazinha e o escravo” é mais uma amostra do talento de Mirandi para recontar antigas lendas regionais. Nascida em Ibitiara, a autora iniciou sua carreira de escritora com a produção do conto “A Mulher de Branco”. Inscrita no projeto Revelando os Brasis, a história sobre a figura fantasmagórica foi selecionada e transformada em curta-metragem. Em 2015, Mirandi publicou “Ibitiara: contos, cantos e encantos”. Cinco anos mais tarde, ela deu à luz a obra “Ibitiara: porções de verdade em seis pitadas de contos”.

Autora do livro, Mirandi Alves Pereira Oliveira estreou na literatura recontando lendas de sua terra natal, Ibitiara. Foto: reprodução.

“Até o momento, minha inspiração vem da cultura local, dos causos, das curiosidades sobre algumas paisagens naturais”, revela Mirandi. Com a publicação recente de “A sinhazinha e o escravo”, a mais nova releitura da “Lenda do Pai Inácio”, a expectativa é que a literatura da Chapada Diamantina seja ainda mais apreciada e que os autores da região — assim como o destemido personagem — voem cada vez mais alto.

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