Em Lençóis, a bióloga Heliene Mota desenvolve tecidos biodegradáveis para serem usados no dia a dia.
Sonoro, divertido e ambíguo, o nome Soul de Pano batiza um produto tão versátil quanto ele: uma prática embalagem de tecido capaz de cobrir frutas pela metade, legumes, travessas e potes separadores para a geladeira. A invenção tem a mesma finalidade do plástico filme usado na cozinha, mas se destaca por ser biodegradável e não liberar nos alimentos ftalatos e bisfenol-A, substâncias presentes no PVC convencional e causadoras de alterações no sistema endócrino.
A técnica dos panos alternativos foi originalmente desenvolvida pela empresária canadense Toni Desoriers em 2008. Fascinada por soluções ecológicas, a empreendedora começou a polir tecidos com cera de abelha para cobrir frutas e vasilhames com comida. Toni partiu da tese de que esse ingrediente natural produzido nas colmeias é cheio de propriedades antibacterianas — características perfeitas para evitar que os alimentos se estraguem facilmente.
Onze anos depois, o trabalho de Desoriers cruzou fronteiras, chegou ao Brasil por meio da internet e inspirou a paraibana Heliene Mota. Bióloga de formação e interessada em questões ambientais, ela sempre se preocupou com o excesso de plástico descartado na natureza. Assim, em sua busca por modos de vida mais sustentáveis, Heliene se deparou com a ideia dos tecidos encerados e resolveu fabricá-los também: “Fui mergulhando, dedicando algumas horas de estudo e pesquisa até iniciar meus próprios testes e desenvolver minha própria fórmula”, afirma.
O trabalho de Heliene começa com a aquisição dos tecidos — feitos 100% de algodão — na mão de pequenos produtores locais. Em seguida, a matéria-prima recebe um banho de ingredientes naturais, como óleos vegetais e cera de abelha. O resultado desse processo é um pano maleável e aderente à superfície de utensílios, frutas, queijos e legumes.
Disponíveis em kits com três unidades, os panos encerados — ao contrário dos filmes PVC — são reutilizáveis. Depois de sujos, podem ser lavados várias vezes com água e sabão neutro sem perderem a flexibilidade por até um ano. Ao fim da vida útil, os quadrados de tecido devem ser cortados em tiras e depositados numa composteira.
Hoje, os panos encerados estão se moldando a uma nova e promissora casa: a Chapada Diamantina. Com a recente mudança de Heliene para Lençóis, a fim de lutar pela preservação do macaco guigó-da-caantiga, os tecidos estão recebendo ingredientes da região e encantando aqueles que defendem uma vida com mais consciência, com mais harmonia e com mais alma.
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